O primeiro satélite totalmente brasileiro foi lançado na Índia nas primeiras horas do domingo passado (28 de fevereiro 2021). O satélite, denominado Amazônia-1, chegou ao espaço a bordo do foguete PSLV-C51 lançado na ilha de Sriharikota, na Índia, e terá como missão primordial a observação e o monitoramento do desmatamento na região amazônica.
Cerca de 17 minutos após o lançamento do foguete, o satélite se separou e fez suas primeiras atividades previstas, como a abertura do painel solar, a estabilização de sua orientação em relação à Terra, a verificação dos sistemas e a colocação do modo de prontidão.
Do espaço, ele vai mandar o sinal para três estações de monitoramento no Brasil: uma em Cuiabá (MT), a outra em Alcântara (MA) e a terceira em Cachoeira Paulista (SP). Todos os movimentos do satélite serão coordenados de uma outra estação, que fica no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O satélite deverá gerar imagens da Terra inteira a cada cinco dias e poderá ser programado para fornecer dados de um ponto especifico do planeta a cada dois dias.
Além do Amazônia 1, o foguete levou outros 18 satélites de passageiros que incluem quatro do Centro Nacional de Promoção e Autorização Espacial da Índia (IN-SPACe). Entre os quatro, três são UNITYsats de um consórcio de três institutos acadêmicos indianos e um do Satish Dhawan Sat do Space Kidz India, e 14 do NewSpace India Ltd. (NSIL), o braço comercial da Indian Space Research Organisation (ISRO).
Num tweet enviado pelo primeiro ministro indiano Narendra Modi ao presidente Brasileiro Jair Bolsonaro, Modi escreveu:
“Congratulations President @jairbolsonaro on the successful launch of Brazil’s Amazonia-1 satellite by PSLV-C51. This is a historic moment in our space cooperation and my felicitations to the scientists of Brazil.”
Parabéns, Excelência @jairbolsonaro pelo sucesso do lançamento do satélite Amazônia-1 do Brasil por PSLV-C51 de @isro. Este é um momento histórico em nossa cooperação espacial e meus melhores votos para muitos outros empreendimentos como esse no futuro.
— Narendra Modi (@narendramodi) February 28, 2021
O lançamento do Amazônia-1 foi testemunhado na Índia pelo ministro brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação Marcos Pontes e pelos diretores da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do INPE.
O satélite brasileiro foi lançado na Índia, e não na plataforma da base militar de Alcântara, no Maranhão, por o Brasil não possuir um foguete que seja grande o suficiente para colocar o Amazônia 1 no espaço. Isso acontece porque cada foguete tem um padrão específico. O que existe no Brasil, tem cerca de 19,7 metros de altura, enquanto a plataforma indiana tem 44,4 metros.
Com 4 metros de comprimento e 640 kg, o Amazônia 1, totalmente desenvolvido no INPE, vai ficar a 752 quilômetros acima da superfície da Terra em uma órbita entre os polos norte e sul e vai capturar imagens em alta resolução. Com seis quilômetros de fios e 14 mil conexões elétricas, o Amazônia 1 é capaz de observar uma faixa de aproximadamente 850 km com 64 metros de resolução. O INPE destaca que a Missão Amazônia renderá ao Brasil a consolidação do conhecimento no ciclo completo de desenvolvimento de satélites; o desenvolvimento da indústria nacional dos mecanismos de abertura de painéis solares, o desenvolvimento da propulsão do subsistema de controle de altitude e órbita na indústria nacional e a consolidação de conhecimentos na campanha de lançamento de satélites de maior complexidade.
O foguete do lançamento também levou ao espaço o texto sagrado hindu, o Bhagavad Gita, em formato de cartão digital seguro (SD). Além disso, uma imagem do primeiro-ministro Narendra Modi permanecerá gravada no topo do painel de um satélite co-piloto. Haverá também cerca de 25.000 nomes a bordo do SD SAT, todos enviados por pessoas a pedido de autoridades espaciais para sua localização no espaço.
Funcionários da ISRO, incluindo seu presidente, Dr. K. Sivan, estavam acampados em Shar para supervisionar o lançamento. Sivan ofereceu orações no santuário sagrado de Tirupati Balaji pelo sucesso da primeira missão em 2021.