28 DE OUTUBRO DE 2013, 10:32
O Congresso Internacional ‘Índia e o Mercado Lusófono’ vai ser “uma oportunidade para criar uma plataforma comum entre a Índia e esses países”, considerou à Lusa o presidente da Sociedade Lusófona de Goa, Aurobindo Xavier.
“Já existe uma relação bilateral entre a Índia e cada um dos países de língua oficial portuguesa, mas o que não existe, e é esse o foco do nosso congresso, é uma plataforma comum entre a Índia e os países lusófonos, como existe a confederação empresarial dos países lusófonos, no âmbito da CPLP, ou seja, não há uma cooperação entre a Índia e os lusófonos como um todo”, vincou Xavier.
O objetivo do congresso, que arranca em janeiro, em Goa, é “criar uma plataforma, ser um aglutinador para que os diversos participantes empresariais tenham contactos diretos” e assim fomentar as relações comerciais.
“Vamos reunir empresas e instituições de Angola, Moçambique, Portugal, Brasil e da Índia para estabelecer um contacto direto e conhecerem-se para fomentar a realização de futuros negócios”, acrescentou o responsável.
A Índia tem seguido uma “intensiva busca de negócios em cada um dos países lusófonos, particularmente os maiores (Brasil, Angola e Moçambique) porque descobriu que esse eixo no hemisfério sul traz vantagens em termos de cooperação bilateral e exploração dos recursos naturais desses países”, afirmou Aurobindo Xavier.
O objetivo, reforçou, é olhar os países lusófonos como um todo, porque investimentos dispersos da Índia em vários países lusófonos já existem, o que não há é uma visão de conjunto.
De acordo com os dados da AICEP, Portugal exportou 94,3 milhões de euros para a Índia no ano passado, tendo importado bens no valor de 336,3 milhões, o que resulta num balança comercial negativa em 241 milhões de euros.
Nos primeiros sete meses deste ano, as exportações aumentaram apenas 1,4%, para 15,2 milhões, ao passo que as importações subiram 24,4% de 54,2 para 67,4 milhões, o que resulta num agravamento da balança comercial negativa, de 39,2 para 52,2 milhões de euros, relativamente aos primeiros sete meses de 2012.
Os mesmos dados mostram que existiam, em 2011, 507 empresas exportadoras para a Índia, ao passo que há 1.467 empresas a importar daquele país.
A título de exemplo, Aurobindo Xavier salientou que “5% das necessidades petrolíferas da Índia são provenientes de Angola, embora isso não esteja refletido nas estatísticas oficiais porque os negócios são feitos através de empresas intermediárias provenientes de países terceiros” e lembrou os “vários acordos bilaterais” estabelecidos com Moçambique.
Entre os investimentos indianos nos países lusófonos, Aurobindo Xavier apontou os 64 milhões de dólares em Moçambique, em 2008, e os 270 milhões anunciados pelo TATA Steel no ano seguinte, bem como o empréstimo à angolana Procafe por parte de um banco indiano para a exportação de café, no valor de 1,25 milhões de dólares.
O comércio entre a Índia e a Guiné Bissau de foi de 200 milhões de dólares no fiscal de 2009/2010, principalmente na castanha de caju, acrescentou o presidente da Sociedade Lusófona de Goa.
Os principais clientes da Índia em 2012 foram os Estados Unidos, os Emiratos Árabes Unidos, a China e Singapura, surgindo Portugal na 65ª posição, com uma quota de mercado de 0,17%.
Em sentido contrário, os principais fornecedores da Índia foram a China, os Emiratos Árabes Unidos, a Arábia Saudita e a Suíça, com Portugal a aparecer na 75ª posição, com 0,07% das importações, ainda segundo a AICEP.
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Agência Lusa